Matemática: o processo de ensino-aprendizagem - parte 6
As avaliações escolares podem ser atribuídas de várias formas, dentre elas podemos citar as mais presentes no processo educativo atual: a avaliação burocrática e a avaliação investigadora.
A avaliação burocrática se apresenta na forma de exames, provas e testes classificatórios. É um tipo de avaliação excludente, pois esses instrumentos de avaliação procuram atender as exigências sociais e escolares, já que não mostram com eficácia se o indivíduo realmente sabe ou não sabe, pois apenas considera o maior número de acertos que o indivíduo alcançou no teste ou prova aplicada.
A avaliação investigadora é realizada por meio de questionamentos (pingue-pongue) que procuram redirecionar e refazer o aprendizado do aluno, levando-o a refletir sobre o que está se discutindo.
A pratica escolar usualmente denominada de avaliação da aprendizagem pouco tem a ver com a avaliação. Ela constitui-se muito de provas e exames do que avaliações. Hoje, após os estudos realizados na área de Matemática, compreendemos que a avaliação da aprendizagem tem que procurar atingir a dois objetivos: auxiliar o educando no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de ensino aprendizagem, e responder a sociedade pela qualidade do trabalho educativo realizado.
Ao preparar uma avaliação matemática é necessário que o professor se preocupe em elaborar uma avaliação que exija a solução de exercícios por caminhos que levem os alunos a estabelecerem uma linha de raciocínio que não seja apenas o de apenas calcular.
A avaliação, portanto, não é um processo meramente técnico, porém, implica uma postura política e inclui valores e princípios que refletem uma concepção de educação, de escola e de sociedade. Nesse contexto, a avaliação deve servir de orientação para o professor na condução de sua prática docente e jamais deverá ser um instrumento para reprovar ou reter alunos na construção de seus esquemas de conhecimento teóricos e práticos.
A teoria piagetiana aponta para a necessidade de se considerar o erro como uma estratégia didática, pois o erro contribui para saber o que realmente o aluno aprendeu, o que realmente ele construiu. Assim, o erro não se apresenta apenas como sendo o obstáculo que não permite ao aluno construir a aprendizagem; mas, ele aponta quais são as dificuldades que o professor tem que re-trabalhar com o aluno para que ele realmente aprenda, que segundo Lima (Fasc. 1 p. 90, 2004), “[...] diagnosticar o erro sem a devida contextualização, não levando em conta quem erra e porque erra, é desconhecer de que o erro é um fato histórico”. Ainda , Jussara Hoffmann, em sua obra Avaliação, Mito & Desafios, afirma:
A função seletiva e eliminatória da avaliação é responsabilidade de todos! A avaliação, na perspectiva de uma pedagogia libertadora é uma prática coletiva, que exige a consciência critica e responsável de todos na problematização das situações.
Discutir o erro é chamar à atenção do professor quanto a importância de diversificar os tratamentos dos seus alunos, a maneira de atuar diante dos alunos com diferentes expectativas culturais e individuais. Ele tem de planejar atividades que provoquem a superação do erro pela criança. Se o professor não se preocupar em sanar as dificuldades que levam o aluno a errar, ele cultivará na criança a baixa auto-estima, pois ela considerará a matemática como sendo um fardo e a escola uma instituição tediosa.
2 Os processos de ensino e aprendizagem da contagem, frações e geometria
2.1 Da contagem
s homens primitivos não tinham necessidade de contar, pois o que necessitavam para a sua sobrevivência era retirado da própria natureza. A necessidade de contar começou com o desenvolvimento das atividades humanas, quando o homem foi deixando de ser pescador e coletor de alimentos para fixar-se no solo.
O homem começou a plantar, produzir alimentos, construir casas, proteções, fortificações e domesticar animais, usando os mesmos para obter a lã e o leite, tornando-se criador de animais domésticos, o que trouxe profundas modificações na vida humana. As primeiras formas de agricultura de que se tem notícia, foram criadas há cerca de dez mil anos na região que hoje é denominada Oriente Médio.
A agricultura passou então a exigir o conhecimento do tempo, das estações do ano e das fases da lua e assim começaram a surgir as primeiras formas de calendário.
No pastoreio, o pastor usava várias formas para controlar o seu rebanho. Pela manhã, ele soltava os seus carneiros e analisava ao final da tarde, se algum tinha sido roubado, fugido, se perdido do rebanho ou se havia sido acrescentado um novo carneiro ao rebanho. Assim eles tinham a correspondência um a um, onde cada carneiro correspondia a uma pedrinha que era armazenada em um saco.
No caso das pedrinhas, cada animal que saía para o pasto de manhã correspondia a uma pedra que era guardada em um saco de couro. No final do dia, quando os animais voltavam do pasto, era feita a correspondência inversa, onde, para cada animal que retornava, era retirada uma pedra do saco. Se no final do dia sobrasse alguma pedra, é porque faltava algum dos animais e se algum fosse acrescentado ao rebanho, era só acrescentar mais uma pedra. Hoje, a palavra cálculo é derivada da palavra latina calculus, que significa pedrinha.
A correspondência unidade não era feita somente com pedras, mas também com nós em cordas, marcas nas paredes, talhes em ossos, desenhos nas cavernas e outros tipos de marcação.
O Fascículo 2 de Matemática nos colocou em contato com o sistema de numeração, situando a numeração no tempo e espaço como processo dinâmico da representação numérica que resultou na construção de um sistema mais funcional, ou seja, o hindu-arábico. Nesse sistema as bases de numeração não decimal constituem uma importante ferramenta pedagógica para o entendimento da base dos números naturais, adição, subtração, multiplicação, divisão e potenciação.
A estrutura lógico-matemática de número não pode ser ensinada diretamente porque a criança tem que construí-la, reportando-nos aos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática temos que:
Ao longo do ensino fundamental os conhecimentos numéricos são construídos e assimilados pelos alunos num processo dialético, em que intervém como instrumentos eficazes para resolver determinados problemas considerando-se suas propriedades, relações e o modo como se configuram historicamente. (p. 54-55, 2001)
A partir disso, podemos utilizar diferentes recursos didáticos para encorajar a criança a pensar ativamente, estimulando o desenvolvimento de sua estrutura mental, por exemplo, o jogo é um excelente recurso didático a ser utilizado nas aulas de Matemática, pois enquanto jogam, os alunos compartilham, interagem significados, confrontam ideias e reorganizam o pensamento através do diálogo que ocorre entre eles e com o professor.