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Dislexia e Matemática - parte 2

Inicialmente vamos esclarecer o que é ter dificuldades em matemática. As pessoas geralmente falam que não se saem bem em matemática, quando de fato querem dizer que apresentam dificuldades em aritmética. A aritmética é uma parte da matemática, está associada aos raciocínios lógicos, perceptivos e sensoriais: formas, tamanhos, espaço, dimensão e quantidade.

Alguns disléxicos têm problemas com aritmética e outros aspectos da matemática, assim como com a linguagem escrita. 

A incapacidade de compreensão dos números e das operações, também chama-se discalculia e portanto está ligada a dislexia.

Muitos disléxicos têm dificuldades para adquirirem rapidez e fluência em simples cálculos: adição, subtração, multiplicação, divisão e na tabuada, mas eles poderão ter, não obstante, boa habilidade em matemática.

Este fato acontece porque não há áreas do cérebro que só se ocupem especificamente da leitura e soletração. As áreas usadas para a linguagem escrita são usadas também para outros materiais simbólicos, incluindo números, fórmulas, gráficos, diagramas, espaço-tempo, etc. 

Assim, se há um problema nessas partes do cérebro, será afetado o processamento eficiente de qualquer material simbólico, linguagem e matemática incluídos, significa que as falhas em uma área de aprendizagem podem estar freqüentemente vinculadas a falhas em outras áreas.

O propósito da intervenção baseia-se na estimulação da aprendizagem nas seguintes áreas, manipular, seriar, classificar, transportar, juntar, copiar. Portanto falamos em desenvolver o pensamento pré-operacional e operacional, segundo Piaget.

Para entendermos melhor, vamos ver quais são as semelhanças superficiais entre a linguagem escrita e a matemática:

  • ambas são linguagens representadas por símbolos que apresentam pequena ou nenhuma relação com as situações e eventos que eles descrevem. Portanto usar uma letra /a/ ou um número /4/ é uma representação simbólica igualmente. Pouco ou nada tem haver com a representação concreta.

  • os dois símbolos( letras ou números) têm estruturas e requerem uma ordem e seqüência para serem usados eficientemente.

  • os dois requerem facilidade verbal, para uma aprendizagem fluente e memorização. Memória a curto prazo é também importante para ambos.

Essas são só algumas das semelhanças entre linguagem e matemática. Quando nós consideramos tudo isso, não é surpresa que indivíduos com dificuldades na linguagem do tipo da dislexia tenham freqüentemente dificuldades em matemática.

Encontramos dois subgrupos de disléxicos que apresentam dificuldades em matemática: 

1. Aqueles que compreendem os conceitos mas são incapazes de representá-los no papel, isto é, eles sabem que processo ou operação usar, mas não conseguem fazê-lo com precisão. Por exemplo: Compreendem uma situação problema, sabem até que operação deveriam fazer, mas não conseguem “traduzir” na escrita.

2. Aqueles que têm pouca ou nenhuma idéia porque os números ou símbolos são usados. Essas pessoas não compreendem os conceitos subentendidos em matemática.

Os resultados das pesquisas em dislexia e matemática variam consideravelmente, e uma estimativa conservadora, baseada em estudos iniciais (Joffe, 1981), sugeria que quase 60% dos disléxicos têm alguma dificuldade em matemática, dois terços dos disléxicos encontram-se na faixa etária entre de 8 a 14 anos, 11% dos disléxicos são excelentes em matemática e 29% tem bom desempenho.

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Como referenciar: "Dislexia e Matemática" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2024. Consultado em 27/12/2024 às 15:20. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a9/p2.php

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