“É fazendo que aprendemos as coisas que temos de aprender, antes de podermos fazê-las”.
ARISTÓTELES (384- 322 a.C.)
Os tempos modernos, as psicologias de aprendizagem e as filosofias de educação nos levaram ao binômio: ensino implica em aprendizagem, e nos fizeram crer que ensinar implica em fazer alguém aprender. Porém, sem compreensão e esforço próprio não há aprendizagem. A compreensão não nasce da explicação do professor, assim como o esforço não pode ser por ele dado ao aluno. A compreensão brota da maturidade, do mesmo modo que o esforço surge do interesse.
Há alguma utilidade em aprender Matemática? Muitos acreditam que sim, e poucos seriam capazes de dizer que não. Qual é o objetivo de aprendê-la? Há respostas de todos os tipos, defendidas por admiradores e atacadas por quem tem outros pontos de vista. O certo é que uma grande maioria de pessoas não se encaixa entre seus admiradores. Na verdade, elas são vítimas inocentes de interesses egoístas e ideologias e, por isso, elas veem o ensino da matemática como um instrumento excludente.
Os alunos ditos inteligentes, são aqueles que conseguem aprender sem estabelecer uma ponte de significação com o que vivenciam no seu cotidiano, pois têm mais facilidade para desenvolver o raciocínio lógico-matemático. Existem ainda os considerados não tão inteligentes, que não conseguem aprender sem estabelecer a significação daquilo que é ensinado na escola com o que é vivenciado no dia-a-dia. Esses últimos, não aprendem com tanta facilidade como os primeiros.
Por outro lado, há um pequeno grupo que vê a Matemática positivamente e atribui a ela finalidade e objetivo. Embora não seja um modo único, as finalidades usualmente enunciadas do ensino da Matemática são agrupadas em: Educativas ou Formadoras – Histórico-Culturais – Sociais – Profissionais: para formar o educador matemático, formar o matemático profissional e formar o profissional integrado a outras áreas do conhecimento humano que se valem da Matemática.
Infelizmente, em muitas escolas o ensino da Matemática ainda está direcionado para atuar como um instrumento disciplinador e excludente. A maioria de professores tem como único objetivo ensinar a matéria, sem se preocupar em repassar ao aluno um conhecimento matemático significativo.
As críticas que se levantam contra os vários aspectos e resultados do ensino da Matemática vêm ocasionando debates, os quais levam os profissionais da área a repensarem o seu papel e a procurarem novas estratégias didáticas. Ocorre assim, a busca por atividades matemáticas que sejam realmente educativas, e não meramente um "treino" sem sentido para o aluno. Se o professor conseguir trabalhar nessa linha, a Matemática será um ótimo instrumento para educar o indivíduo socialmente. Mais ainda, ela será um instrumento ímpar para trabalhar sua formação.
Os profissionais que se preocupam em desmistificar o ensino da Matemática acreditam que é possível alcançar esse objetivo, desde que seja levada em consideração a realidade dos alunos em sala de aula. Para eles, há influência de pelo menos quatro elementos no ensino matemático: 1º o professor – 2º o conhecimento lógico-matemático – 3º o ambiente (pais, administração escolar, colegas e espaço físico) – 4º o aluno.
Geralmente, aquilo que costuma provocar satisfação real na vida das pessoas não costuma lhes causar aborrecimento. É razoável então, pensar que as abordagens de aprendizagem que não conseguem satisfazer ou manter os alunos interessados, não trarão alegria para suas vidas. Assim, para que o aluno aprenda, é necessário tornar o objeto da aprendizagem agradável e divertido.
A criança e o jovem gostam de movimentar-se, conversar, perguntar, rabiscar, brincar, colorir, cantar, jogar e, principalmente, agir. Em Educação Matemática, todas essas ações que a criança ou jovem sentem satisfação em realizar tornam-se veículos estupendos para o aluno aprender. Além de satisfazer e alegrar, é necessário compreender que eles necessitam de uma boa formação para enfrentar o mundo à sua frente.
A aprendizagem que a escola propicia deve preparar o indivíduo para o futuro. A cada instante, as pessoas precisam estar aptas a solucionar situações-problemas de diferentes aspectos. Os alunos deverão aprender a resolver tais questões, assumindo responsabilidades.
Assim, só é possível deflagrar idéias matemáticas na cabeça de alguém, se esse alguém for colocado diante de uma situação envolvente, problematizadora, interessante, desafiante e, ao mesmo tempo, que seja capaz de estimulá-lo a aprender. Não é uma situação lida em livro, não é uma situação apenas explicada oralmente, descrita ou exposta no quadro negro pelo professor. A situação deverá vislumbrar o aluno, fazendo com que ele consiga aprender plenamente. Infelizmente, algumas escolas e professores não estão preparados para isso.
Aprendemos no decorrer dos nossos estudos matemáticos que a aprendizagem da criança deve ocorrer por meio de atividades que lhe tragam significação. Atualmente, algumas escolas e professores têm entregue o conhecimento matemático pronto e acabado para o aluno (ensino euclidiano). Dessa forma, não permitem que o aluno construa sua aprendizagem estabelecendo relação de significação (ensino arquimediano).
O conhecimento matemático deve ser construído pelo aluno por meio de atividades que lhe despertem o interesse em aprender, fazendo relações do que ele vê dentro da escola com o que ele já conhece fora da escola. Assim, o aluno associa o que apende ao seu convívio sócio-cultural.
Muitos professores de Matemática não utilizam atividades envolvendo materiais concretos em sala de aula. Assim, desconhecem que há maior eficácia quando os alunos conseguem estabelecer relações entre aquilo que a escola ensina e o que eles conhecem do mundo. Costumo conceituar as atividades lúdicas como técnicas que têm o propósito de imitar a realidade vivenciada pelo aluno, por meio de jogos e brincadeiras que devem ser aplicados pedagogicamente, levando o aluno a aprender os conceitos matemáticos com maior facilidade.
Finalizamos, nos reportando ao fragmento textual citado por Reginaldo N. de Souza Lima, que nos leva a refletir sobre qual a nossa principal função como educadores, ou seja: “Educar é flexibilizar para o inesperado, pois, assim será o porvir. É criar coragem para ousar, decidir e solucionar situações, pois, assim exige o viver. E é ter paciência com inconstância, pois, esta é a marca registrada da vida”.
Marcelo Moraes