O uso dos multimeios digitais como suporte metodológico no processo didático da educação matemática - parte 3
No processo de planejamento e desenvolvimento do ensino a utilização de meios, os quais denominamos tecnologias, tem algumas características que resgatamos de Castaño (2001, p. 301), que derivam de conclusões de pesquisas realizadas por Area (1991) e Castaño (1994), sendo elas:
- Os materiais textuais (livros-texto e guia) são os recursos que, preferencialmente, o professor usa para planejar o seu ensino.
- Conforme o anterior, o professor costuma investir pouco tempo nas tarefas relacionadas com a elaboração, seleção e organização dos meios e materiais de ensino.
- O pensamento do professor e, principalmente, as suas concepções do ensino e desenvolvimento da matéria parecem incidir na tomada de decisões de planejamento e instrutivas sobre meios.
- O professor quer que os meios e materiais de ensino permitam uma utilização flexível e alternativa, adequando-os às características de seus alunos e aos conteúdos que desenvolve.
- No entanto, longe de integrá-los em seu trabalho, os professores tendem a fazer um uso suplementar e intermitente dos meios e materiais de ensino e a utilizá-los de maneira formal e mecânica.
- A natureza inovadora do material, se não for acompanhada de ações de apoio e orientação a professores, por si só, não tem capacidade suficiente para gerar mudanças na prática metodológica. A ausência de um conhecimento abrangente da filosofia do material, da sua integração curricular e das implicações do mesmo para a aprendizagem da parte dos professores provoca que os mesmos sejam usados de uma maneira formal e mecânica.
Na luta contra essa resistência surge “um novo desafio docente que é a competência de trabalhar com informações, ter competência para pesquisá-las, associá-las e aplicá-las às situações de interesse do sujeito do conhecimento“ (PAIS, 2002, p. 23).
Percebemos que o desenvolvimento tecnológico é bastante amplo e complexo, atingindo toda a sociedade, com sua ecologia virtual, e a escola não poderia se anular nesse processo. É importante incorporar as novas tecnologias ao processo educativo, porém a questão tecnológica vai mais além. Criaram novas formas de comunicação; novos estilos de trabalho; novas maneiras de acessar as informações; e novas formas de produção de conhecimento. Entender e absorver toda essa rede será difícil, porém nos permitirá criar novas práticas de ensino, mais significativas, para a escola da atualidade.
Referências
BORBA, Marcelo C. & PENTEADO, Miriam. Informática e educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
CASTAÑO, Carlos. A pesquisa nos meios e materiais de ensino. In: SANCHO, Juana Maria (org). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artmed, 2001.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.
PAIS, Luiz Carlos. Educação escolar e as tecnologias da informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
PCN. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Secretaria de educação fundamental. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
PENTEADO, Míriam. Possibilidades para a formação de professores de matemática. In: BORBA, Marcelo C. & PENTEADO, Mirian (org.). A informática em ação: formação de professores, pesquisa e extensão. São Paulo: Olho d’água, 2000.
SACRISTÁN, J. Gimeno. Consciência e acção sobre a prática como libertação profissional dos professores. In.: NÒVOA, Antônio. Profissão professor. Porto: Porto Editora, 1995.