O matemático e o Jogo Exterior I
O matemático do JI define, então, fantasia ou desejo
como sendo qualquer imaginação de segundo nível.
O matemático e o Jogo Interior II
Em busca do objeto "sofrimento psíquico", que determina a qualidade de vida do indivíduo, o matemático do JI imagina a estrutura da psique. A imaginação de uma estrutura implica a imaginação de seus objetos. A imaginação de objeto conduz à imaginação de objetos interiores e exteriores à psique.
Os objetos interiores da psique remetem o matemático do JI ao fascinante problema dos complexos de imaginações imaginados por Freud e Jung, provavelmente os seus principais descobridores.
Por sua vez a imaginação de objetos exteriores à psique remete o matemático do JI para o Jogo Exterior (JE).
A imaginação de segundo nível "dimensão material da psique" implica a imaginação da "criação da psique". O seu próprio movimento é facilmente imaginado pela psique e, portanto, a posição anterior constitui para si uma imaginação natural. Imediatamente se apresenta, então, a imaginação do começo. A psique pode, portanto, facilmente imaginar o começo e a posição anterior a ele.
O matemático do JI pode, assim, facilmente imaginar "por que o JI começou?". Isto é, "por que tenho que jogar o JI"? A imaginação da posição anterior ao começo conduz à "existência" da "realidade subjacente à imaginação" e, por conseguinte, à "não-existência da realidade subjacente à imaginação", como é forçoso concluir pelo matemático devido à sua inerente imaginação de simetria.
O matemático do JI imagina que este jogo tem que ser jogado porque a imaginação da qualidade de vida não pode ser afastada. Isto é, a imaginação da vida individual não pode ser afastada.
Imediatamente, por simetria, a imaginação da não-vida, ou da não-existência, não pode ser afastada da psique.
O matemático do JI imagina, então, que, matematicamente, como lhe é imposto pela sua própria natureza, não pode afastar a imaginação do JE. Ele tem que jogar também o JE. Passa, então, a imaginar um jogo mais amplo, um jogo que contém o JI e o JE, que será denominado o "Jogo da Vida do Indivíduo" (JVI).
A imaginação mais importante para o matemático do JE é, sem dúvida, a da não-existência da realidade subjacente às imaginações. Para o matemático, esta é a única imaginação que não admite paradoxos (imaginações anuladoras por lógica) e contestações ideológicas (desejos de que a existência seja real e eterna).
Para o matemático do JE, a realidade subjacente à imaginação da não-existência é indestrutível por qualquer outra imaginação. Esta imaginação lhe aguça a intuição e se torna fonte abundante de teoremas.
Para jogar o JE, o matemático imagina uma estrutura axiomática que se lhe oferece sem muito esforço psíquico da qual ele deduz uma quantidade abundante de teoremas para um bom desempenho no JE.
O primeiro postulado é facilmente imaginado como sendo o seguinte.
P1JE: a realidade subjacente à imaginação da não-existência é o único objeto externo real e perene.
Este postulado tem como conseqüências imaginações interessantes para o matemático do JE.
T1JE: O primeiro teorema do JE é que a realidade subjacente à imaginação da não-existência é a única coisa que existe de modo perene e independentemente da psique.
Demonstração. De fato, como esta realidade é (o único) objeto real e perene, sua imaginação, por ser objetiva, impõe-se à psique do matemático do JE e, como é externa, não provém da imaginação da dimensão material da própria psique, constituindo-se em realidade indestrutível ou não deformável por qualquer outra imaginação.
O T1JE faz jorrar imaginações em abundância. O matemático do JE, por uma exigência lógica, classifica em primeiro lugar a imaginação que questiona o postulado P1JE.
Q1JE: postulado deve ser auto-evidente e, portanto, há que se saber quais seriam as imaginações que o corroboram sem necessidade de maiores imaginações explicativas.
O matemático do JE imediatamente localiza uma imaginação que o convence da auto-evidência de P1JE. Uma maneira do matemático do JE convencer-se de que um postulado é admissível à sua psique é verificar que ele implica teoremas que não podem ser recusados pela sua psique de matemático.
T2JE: a imaginação tempo prova que a realidade subjacente à imaginação da não-existência é estável e perene.
A imaginação tempo pode ser imaginada como cancelamento da realidade subjacente a qualquer outra imaginação, exceto da realidade subjacente à imaginação da não-existência.
O matemático do JE imagina então mais de perto a imaginação tempo. A imaginação passado tem sua realidade subjacente cancelada pela imaginação tempo pela própria definição de passado, i.e. sua existência expirou. O matemático do JE imagina duas descobertas surpreendentes. A primeira é a de que a imaginação passado pertence à imaginação da não-existência, isto é, não possui mais a possibilidade de existir. A segunda é a de que a imaginação tempo suspende a imaginação futuro, isto é, a imaginação futuro pertence à imaginação da não-existência pela própria definição de tempo futuro, aquilo que só pode existir em um tempo que ainda não chegou.
Estas duas imaginações surpreendentes são classificadas pelo matemático do JE como T3JE e T4JE.
O jorro de imaginações continua forte. O matemático do JE imediatamente intui um teorema como conseqüência de T3JE e T4JE.
T5JE: a imaginação tempo cancela qualquer realidade subjacente a qualquer imaginação de existência.
Demonstração. A demonstração é elegante e se apóia no postulado do JI que descreve a psique humana como capaz de produzir imaginações de primeiro nível e de segundo nível. Para demonstrar T5JE basta que o matemático considere a realidade subjacente da imaginação "presente" porque as realidades subjacentes do passado e do futuro já estão canceladas pela imaginação tempo. A imaginação "presente" é uma imaginação de segundo nível (como o são também as do passado e do futuro). Qualquer imaginação de existência é de segundo nível porque o primeiro nível já está ocupado pela imaginação "existir em si". Portanto, a realidade subjacente à imaginação "presente" só pode ser detectada em segundo momento no tempo, após o momento do "existir em si". Em outras palavras, a imaginação tempo impede o congelamento do "presente". Qualquer possibilidade de capturá-lo empurra-o como pertencente à imaginação passado.
O matemático do JE não pode deixar de observar a semelhança desta demonstração com o fato conhecido da mecânica quântica de que qualquer possibilidade de medir a velocidade de um elétron diminui a possibilidade de medir sua posição e vice-versa. Isto é interessante, mas não surpreende o matemático do JE, porque o T5JE é claro para ele e, portanto, a imaginação tempo cancela a realidade subjacente a qualquer medição, a não ser que a Física postule a imutabilidade do ser da realidade neutralizando o efeito temporal de segundo nível da imaginação "objeto externo". Entretanto, mesmo a imaginação da imutabilidade do ser da realidade não é suficiente para garantir a existência subjacente do objeto externo. Este ponto é demonstrado pela própria mecânica quântica ao reconhecer que o elétron sempre deixa escapar uma, ao menos, de suas dimensões de existência tendo, portanto, um "ser em si" insondável.