Ver para crer ... . (III)
Há evidências interessantes para a imaginação da “destruição da Ciência” enquanto meio confiável de "detecção da verdadeira realidade". A "bolinha" de Demócrito não suportou a avassaladora pressão matemática e acabou se dividindo em elétrons, prótons e nêutrons. Prótons e nêutrons, por sua vez, precisaram se dividir em quarks e elétrons se transformaram em "nuvens matemáticas" fazendo a autoconsciência retornar à "nebulosidade" original sobre a "realidade do mundo". Indícios de "efeitos fracionários de cargas elétricas" põem sérias dúvidas sobre a "existência do elétron" no sentido de que se ele se divide de alguma forma, então não tem "essência ou existência real". A Matemática impede que se "ponha o dedo na bolinha elétron": a probabilidade de determinação da velocidade vezes a probabilidade de determinação da posição do elétron é igual à constante de Planck. Este Princípio de Incerteza de Heisenberg põe um ponto final na tentativa de "ver a bolinha elétron". Portanto, a Matemática foi e é, ao mesmo tempo, a sustentação e a obstrução para a detecção da existência ou da essência das coisas.
O truque da tecnologia parece desmascarado pelo MJVI. Ele funciona por distração. Novamente alguns exemplos podem elucidar o significado de "destruição da Ciência pela própria Matemática". A Ciência supõe que coisas existem e pretende ser o método por excelência de detecção dessa realidade. Como sua credibilidade se assenta sobre a Matemática, a existência ou essência das coisas só pode se revelar em dimensões muito pequenas ou muito grandes para que autoconsciências, principalmente de matemáticos, não possam dividí-la ou dobrá-la. Se é muito pequena, então fica difícil de questionar, mas também fica difícil de detectar com o corpo e seus instrumentos como extensões dos sentidos. Entretanto, a segunda fase do truque é a distração, ou seja, ao invés de continuar mirando "a coisa em si", "veja-as por meio de evidências indiretas de sua essência ou existência". Um aparelho de televisão funcionando não é uma evidência da existência do elétron? Uma lâmpada acesa não é a evidência do elétron circulando em um filamento?
Para o MJVI, as distrações tecnológicas não o convencem de que as "coisas existem". Tecnologia é uma forma de adaptação às condições da biosfera para continuar sobrevivendo. É apenas mais uma estratégia de sobrevivência. Não há tecnologia mais impressionante, nem de longe, do que o próprio corpo animal. Um extrematólito já possui uma "tecnologia" infinitamente mais impressionante porque é matéria viva, um "salto tecnológico quase infinito" na evolução da matéria que parece compor apenas 4,5 % do Universo "visível". Portanto, distração tecnológica não funciona como truque para convencer o MJVI acerca da existência das coisas.
Haveria outros indícios de que a própria matemática seria o algoz implacável da Ciência enquanto "método de descrição da realidade"?
Talvez, a desculpa de que a ciência se ocupa apenas de "como o mundo funciona" e não de o "porquê de ele ser assim" seja o grande indício de que ela, na verdade, não tem a ver com a realidade das coisas, mas sim com a maior ilusão já produzida na Interneuro, incluindo todas as ideologias religiosas que já passaram pela Terra.
Entretanto, há cientistas, mais preocupados em desvendar a realidade, que se ocupam dos porquês. Seu único método de pesquisa só pode ser a Matemática que já alcançou um grau extremo de sofisticação. Lembremos que experimentos não provam teorias, apenas as derrubam ou as deixam vivas por mais um pouco de tempo.
Para o MJVI, esse é o ponto mais interessante. Se sua tese de que "as coisas não existem", elas apenas "são imaginações da autoconsciência para si própria", fosse razoável, então a Matemática teria que oferecer uma demonstração.
Argumentos do tipo "ninguém sabe definir massa", ninguém sabe o que é matéria, nem clara nem escura", "ninguém sabe o que é o próprio homem", serão ignorados. São interessantes, mas não são, para o MJVI, os mais interessantes.
O mais interessante indício de que a Matemática “retira toda a realidade que ela dá” é o fato de que ela se sofisticou tanto para "criar modelos de coisas" que a condição de "existir" evaporou-se. O professor de Matemática, Galileu Galilei, libertou-se do impasse de Zenão de Eléia com a equação s = s0 + v0t + ½ at2, mas não conseguiu igualar os dois membros por meio de medições tendo que criar uma "coisa de emergência", a "Teoria dos Erros", aliás, uma criação genial.
Eintein ignorou a "força gravitacional" de Isaac Newton como uma "coisa que age à distância sobre dois corpos", substituindo-a por "geodésicas necessárias para qualquer coisa se mover no espaço-tempo do Universo". Criou sozinho a sofisticada Teoria Geral da Relatividade e ajudou a criar a ultra sofisticada Mecânica Quântica, que para serem compatíveis e significarem condições das coisas do mesmo mundo parecem exigir uma ultra-hiper-sofisticada "Teoria das Supercordas". A Matemática permite agora uma Astrofísica com infinitos universos, com infinitas cópias de um "eu", além de todas as infinitas possibilidades de variações do "eu" existindo por aí em dimensões e universos paralelos invisíveis.
Exatamente essa é a palavra: invisível!
A própria Matemática, portanto, retira aquilo que ela promete ou insinua permitir. A Ciência promete, ou insinua permitir, o acesso à realidade das coisas e se fia na Matemática. Esta a obriga a se encaminhar para dimensões muito pequenas ou gigantescas e infinitas para sustentar a meta de alcançar a realidade ou essência das coisas. Quando a Ciência se dá conta, descobre que a "realidade", se fundamentada na Matemática, é "invisível por necessidade matemática".
Esse é, para o MJVI, o significado da "destruição da Ciência pelo seu próprio germe constitutivo".
De longe, parece ser esse o traço mais interessante da criação de coisas da autoconsciência no atual momento histórico. As coisas que realmente existem, por motivos matemáticos realmente não existem!
O critério "ver para crer" foi invalidado justamente por aquela que se apresenta como a única opção de credibilidade e rigor lógico para acesso à realidade das coisas.
O MJVI não quer e não pode abdicar da Matemática. É forçado, portanto, a concluir que sua percepção da realidade estava certa. As coisas não existem, elas apenas são imaginações da autoconsciência que cumprem o maior de todos os desejos da matéria viva, o de existir.