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Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais - parte 6

Assim, relativamente aos alunos com deficiência mental ligeira não deverá existir uma grande diferença entre os seus currículos e dos outros alunos da classe. Deverá ser dada uma grande importância aos comportamentos adaptativos por forma a dotar o aluno com as competências sociais necessárias a um pleno funcionamento e participação na vida em sociedade. No seu modelo de competência social Sargent (1991, citado em Smith,T., Pollaway, E., Patton, J., e Dowdy, C., 1995) apresenta os resultados desejados, em termos sociais como fruto de três processos, determinados pela cultura dominante:

O efeito provocado nos outros socialmente (entusiasmo, confiança, otimismo, independência, boa postura, boa apresentação, assertividade);

As Competências sociais (iniciativa para interagir, repostas às interações, comportamentos sociais pessoais, comportamentos específicos de várias situações; escolares, públicas, familiares, no local de trabalho);

A Cognição social (empatia, discriminação e inferência social, compreensão/ entendimento social, compreensão dos motivos dos outros, julgamentos morais e éticos, resolução de problemas).

Também nas áreas acadêmicas deverá ser sempre tida em conta a necessidade de uma aproximação funcional das aprendizagens. A aprendizagem da leitura e matemática vistas nesta perspectiva deverão dotar os alunos de competências práticas como por exemplo ler as bulas dos medicamentos, avisos públicos, horários, fazer orçamentos, gestão de dinheiro e situações de compra e venda. A comunicação oral deverá ser treinada sempre tendo em conta a implementação das competências sociais atrás mencionadas. Há que atender também a questões como a saúde e para os alunos mais velhos o emprego, a sexualidade e as tarefas domésticas.

Em relação aos alunos com deficiência mental moderada deverá ser também dada uma ênfase especial aos comportamentos adaptativos, nomeadamente:

- Cuidados Pessoais: como se alimentar: saber comer e beber de várias formas e em várias situações utilizando os comportamentos adequados a cada uma destas; vestir-se, despir-se e cuidar do seu vestuário; aplicar os cuidados básicos de higiene.

- Motricidade: controlar a postura em várias situações: sentado, em pé; coordenar movimentos finos: desfolhar livros, enroscar e desenroscar tampas de frascos, riscar ou escrever com um lápis, rodar manípulos de portas; coordenar movimentos amplos: correr, atirar uma bola, trepar, saltar.

- Comunicação: (utilizar as formas mais adequadas para: )fazer e responder a pedidos; expressar necessidades e desejos; fazer e responder a perguntas; narrar experiências do dia-a-dia.

- Aspectos Acadêmicos: (sempre numa perspectiva funcional): ler e escrever o nome, a morada, o telefone; utilizar o telefone; ler informações das paragens de autocarro, comboio; ver as horas; fazer trocos.

- Aspectos sociais: manter comportamentos adequados em várias situações; relacionar-se com os outros, da sua idade e mais velhos; ser capaz de esperar a sua vez em várias situações; seguir regras em jogos;

Para os alunos mais velhos há que atender ainda aos cuidados a ter:

- No emprego: chegar a horas, comportamentos adequados enquanto está a trabalhar e a aspectos específicos do emprego; tarefas domésticas.

- Comportamentos na comunidade: saber utilizar transportes públicos; comportamentos socialmente aceitáveis em áreas de lazer, cinemas, teatros, jardins;

- Saúde;

- Sexualidade.

Relativamente aos alunos com deficiência mental profunda, que necessitam apoios mais intensivos, devem ser desenvolvidos os comportamentos básicos de forma a que a criança responda a diferentes estímulos, pessoas, objetos. Deve-se ensinar a prestar atenção, a orientar o corpo e focar o olhar. Aqui o desenvolvimento da motricidade desempenha um papel fundamental atendendo às frequentes dificuldades nesta área que estes alunos apresentam, assim como pela importância de que se reveste, seja na locomoção, comunicação ou mesmo na sua vertente lúdica.

Outra área de grande importância é a da estimulação sensorial, táctil, visual e auditiva pelo fato de mesmo nos casos de alunos com problemáticas mais profundas permitir uma interação mais positiva entre a criança e o mundo em seu redor (Vieira et al, 1996).

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Como referenciar: "Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2025. Consultado em 21/04/2025 às 20:04. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a15/p6.php

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