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Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais - parte 7

Não será demais recordar que este tipo de intervenção deverá ser objeto de uma prévia e cuidada programação, os objetivos bem definidos de acordo com as reais necessidades do aluno e a avaliação do programa efetuada de modo a que este possa ser revisto sempre que tal se justifique. Esta programação e respectiva implementação deveriam ser sempre efetuadas por um conjunto de vários profissionais em colaboração, cada um dentro da sua área, de modo a proporcionar todas as condições de sucesso a estas crianças por forma a poderem dar o seu contributo à sociedade em que vivem.

Encontramos na revista Nova Escola um relato que gostaríamos de compartilhar.

“Era rotina. Durante as aulas, enquanto a professora Marta Seibert explicava os conteúdos, Shaiane Esdral, 16 anos, levantava-se da carteira e saía em direção ao pátio. ‘Tchau’, dizia a menina, sorrindo. Todos pensavam que era uma manifestação atípica da Síndrome de Down. E lá iam professores e coordenadores tentar resgatar a jovem. ‘Foi então que eu percebi. O problema não estava nela, mas no meu jeito de dar aula’, afirma a professora da 4ª série da escola Municipal Dora Abreu, em Cachoeira do Sul. O ensino não fazia sentido para a classe. Sua didática era mecânica e não cativava. ‘Só que a maioria, por comodidade, fingia que estava tudo bem’.

Relatos como o de Marta são comuns na escola, que atende outra menina com Síndrome de Down, Vanessa Pereira, 18 anos. ‘Essas garotas transformaram nossa realidade ao revelar que o fazer pedagógico estava falho. Fizeram-nos refletir sobre a realidade da comunidade e a heterogeneidade do publico’, relata Mara Sartoretto, diretora da Associação dos Familiares e Amigos do Down, instituição que orienta o corpo docente desde 1998. entre os procedimento adotados destacam-se:
    * trabalho em grupo e atividades diversificadas que possam ter diversos níveis de compreensão e desempenho;
    * predomínio da experimentação, da criação, da descoberta e da co-autoria do conhecimento;
    * elaboração de debates, pesquisas e registros escritos;
    * avaliação do desenvolvimento da turma do ponto de vista da evolução das competências.
O trabalho passou a funcionar ainda melhor com uma mudança de postura. ‘De inspetora passei a ajudante dos professores’, conta Vaneza Nunes, coordenadora da Dora Abreu. ‘Hoje, ouço as dificuldades da equipe e vou atrás de livros e orientações para cada situação. E nosso horário de trabalho coletivo virou um grande espaço de discussão’”.

Inclusão social

“Mais do que criar condições para os deficientes, a inclusão é um desafio que implica mudar a escola como um todo, no projeto pedagógico, na postura diante dos alunos, na filosofia...”
(Nova Escola, 2003)

Valorizar as peculiaridades de cada aluno, atender a todos na escola, incorporar a diversidade sem nenhum tipo de distinção. Nunca o tema da inclusão de crianças deficientes esteve tão presente no dia-a-dia da educação – e isso é uma ótima notícia. Tal qual um caleidoscópio, que forma imagens com pedras de vários tamanhos, cores e formas, cada vez mais professores estão percebendo que as diferenças não só devem ser aceitas, mas também acolhidas como subsidio para montar (ou completar) o cenário escolar. E não se trata apenas de admitir a matrícula desses meninos e meninas – isso nada mais é do que cumprir a lei. O que realmente vale (e, felizmente, muitos estão fazendo) é oferecer serviços complementares, adotar práticas criativas na sala de aula, adaptar o projeto pedagógico, rever posturas e construir uma nova filosofia educativa.

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Essa mudança é simples? É claro que não. Na verdade, ainda é difícil encontrar professores que afirmem estar preparados para receber em classe um estudante deficiente. A inclusão é um processo cheio de imprevistos, sem fórmulas prontas e que exige aperfeiçoamento constante. “Do ponto de vista burocrático, cabe ao corpo diretivo buscar orientação e suporte das associações de assistência e das autoridades médicas e educacionais sempre que a matrícula de um deficiente é solicitada”, explica Cláudia Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação em entrevista à revista Nova Escola. Quem enfrenta o desafio garante: quando a escola muda de verdade, melhora muito, pois passa a acolher todos os estudantes (até os considerados “normais”).

Geralmente os deficientes mentais têm dificuldade para operar idéias de forma abstrata. Como não há um perfil único, é necessário um acompanhamento individual e continuo, tanto da família como do corpo médico. As deficiências não podem ser medidas e definidas genericamente. Há que levar em conta a situação atual da pessoa, ou seja, a condição que resulta da interação entre as características do indivíduo e as do ambiente. O aluno deve encontrar na escola um ambiente agradável, sem discriminação e capaz de proporcionar um aprendizado efetivo, tanto do ponto de vista educativo quanto do social.

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Como referenciar: "Iniciação matemática para portadores de deficiências mentais" em Só Matemática. Virtuous Tecnologia da Informação, 1998-2025. Consultado em 22/04/2025 às 03:16. Disponível na Internet em https://www.somatematica.com.br/artigos/a15/p7.php

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